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Ata de fundação

       O Instituto Travessias da Infância dedica-se ao estudo, pesquisa e formação de profissionais para a intervenção com bebês, crianças e adolescentes.

 

       Reúne em suas atividades de transmissão profissionais de longa experiência teórico-clínica de referencial psicanalítico, dando voz a diálogos inter e transdisciplinares sobre linguagem, psicomotricidade, aprendizagem e hábitos da cultura, considerando as aquisições dessas áreas indissociavelmente atreladas à estruturação psíquica do bebê, criança e adolescente como sujeito que possa vir a apropriar-se das mesmas em nome de seu desejo para então poder coloca-las em cena nos hábitos de vida diária e no brincar.

       O Instituto Travessias da Infância, com sua sede na cidade de São Paulo, formalizando uma rede latino-americana de trabalho e interlocução científica já existente, é composta por profissionais e instituições que, sendo de diferentes localidades, partilham do princípio de que a estrutura não está decidida na infância nem orgânica nem psiquicamente, tornando imprescindível conhecer os passos lógicos e cronológicos desse processo a fim de detectar dificuldades que possam surgir ao longo do mesmo para intervir o antes possível favorecendo a estruturação. Desse modo considera imprescindível uma psicanálise em extensão e em constante diálogo com outras disciplinas para que possamos ocupar-nos dos sintomas que comparecem na infância de nossos tempos.

 

       Partindo da concepção de que a estrutura não está decidida na infância, tem como princípios de suas atividades institucionais:

       – A criança na relação com o Outro: As experiências de vida são decisivas para o adulto que um bebê, criança e adolescente irão se tornar, tornando imprescindível considerar (para além das características orgânicas de base) as consequências da cultura, parentalidade e transmissão transgeracional, escola e seus processos inclusivos na estruturação da criança, já que esta não se produz de forma isolada ou individual. Por isso o tratamento na infância implica, não só cuidar de quem cuida da criança, em um constante diálogo com família e escola, mas também, os sofrimentos próprios de cada tempo e cultura a fim de possibilitar saídas para o sujeito do desejo diante do sintoma social em condições de vulnerabilidade, exclusão e indigência simbólica produzidas pelos contextos socioculturais em que ocorre a estruturação na infância.

       – A transdisciplina: As sequências de aquisição de linguagem, psicomotricidade, aprendizagem e hábitos que fazem parte do desenvolvimento não são autônomas, dependem não só de condições orgânicas para ocorrer, mas também da estruturação psíquica do infante que possa vir a apropriar-se delas em nome de seu desejo para articula-las aos contextos de vida diária e ao brincar. Por isso para intervir com a infância é preciso que os profissionais ampliem inter e transdisciplinarmente a sua formação indo além do objeto de conhecimento recortado de suas graduações acadêmicas. Por isso se tem como eixos norteadores da práxis em todas as áreas: - a articulação interdisciplinar no trabalho em equipe; o estabelecimento da direção da cura a partir da discussão clínica; a constituição do sujeito como decisiva para que o funcionamento das funções ocorra de modo subordinado ao sujeito de desejo; a transferência como reconhecimento do laço entre clínico e paciente; o brincar como produção constituinte do sujeito na infância.

 

       – A intervenção como aposta na estruturação da criança como sujeito do desejo versus a patologização da infância: para realizar detecção de problemas do desenvolvimento e estruturação psíquica e para decidir os rumos do tratamento é decisivo conhecer, não só as patologias que possam incidir na infância, mas fundamentalmente os processos de aquisições de linguagem, psicomotricidade e aprendizagem, assim como os passos lógicos da estruturação psíquica em relação aos quais a psicanálise produz decisivas contribuições ao campo dos problemas do desenvolvimento infantil a fim de que o tratamento possa dar lugar à estruturação da criança como um sujeito capaz de fazer laço com a família, escola e sociedade de modo desejante e não meramente em uma condição adaptativa.

          

       -– A detecção precoce de riscos para o desenvolvimento e a intervenção a tempo: reconhecer e detectar as dificuldades que possam surgir nesse processo permite intervir a tempo produzindo e sustentando com o marco terapêutico inscrições constituintes do sujeito na infância como uma aposta na estruturação.

       A partir das contribuições teórico-clínicas produzidas e sustentadas ao longo de quase cinco décadas de intervenção e formação de profissionais na clínica inter e transdisciplinar dos problemas do desenvolvimento infantil e estimulação precoce, desde a fundação do Centro Dra. Lydia Coriat (em 1971 em Buenos Aires), o Instituto Travessias da Infância homenageia essa autora assim denominando o seu Centro de Estudos.

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