No dia 28 e 29 de agosto de 2020 ocorreu, com apoio da REDE-BEBÊ, e organização do Instituto Travessias da Infância - Centro de Estudos Lydia Coriat/SP e Espaço Escuta/PR, mais uma edição do "curso IRDI: detecção precoce e estrutura não decidida na Infância." E já são 14 que ministramos em parceria (Maribel de Salles de Mello e Julieta Jerusalinsky)! Há dois anos e meio, desde a fundação da REDE-BEBÊ, em início de 2018, Maribel topou o convite para pegamos juntas a estrada e reunir-nos com colegas de diferentes cidades do Brasil interessados em um instrumento que transmite indicadores de referência da constituição psíquica do bebê para o acompanhamento de seu desenvolvimento na saúde, assistência e educação, bem como para tornar possível detectar precocemente o que não vai bem, antes de que tal dificuldade se configure como uma defesa psicopatológica específica, possibilitando assim intervir a tempo para favorecer a estruturação do bebê bem como a sustentação da função materna. Tal convite implica poder contar de um trabalho compartilhado: da elaboração desse instrumento e de sua pertinência na realidade brasileira (realizado por 250 pesquisadores com 20 anos de história - e de cuja elaboração tive o privilégio de fazer parte desde sua idealização, junto à querida colega de consultório em Brasília, a pediatra Josenilda Caldeira Brant), bem como de sua aplicação em contexto de saúde pública com mais de 5 mil bebês em uma experiência que resulta da implementação, em Londrina, de um trabalho de detecção e estimulação precoce coordenado por Maribel do qual também tive o privilégio de ser interlocutora e supervisora. Assim fomos para São Luís do Maranhão (com colegas do CIAM), Santa Maria RS (com colegas da Interage) 2 vezes, Vitória (com colegas do Infans), Maringá (com colegas da Parlêtre), Além de Londrina, São Paulo, São José do Rio Preto, Goiânia, Porto Alegre (realizando 4 cursos nessa cidade, depois do inaugural ministrado por Alfredo Jerusalinsky junto à fundação dessa REDE). Tais cursos foram abrindo lugar para o trabalho de núcleos locais da REDE-BEBÊ em diferentes regiões. Após intervalo produzido pela pandemia, retomamos a atividade... dessa vez em modalidade virtual. Sem avião, sem ônibus nem carro, mas ainda assim com uma estrada por percorrer para chegar até os colegas e poder compartilhar os impasses do lugar ou, melhor dito, da falta de lugar dos bebês em risco psíquico nos dispositivos de atendimento, mas principalmente dos caminhos que é possível percorrer para modificar essa realidade que tanto agrava a primeiríssima Infância. Nesse 14to encontro a sala cheia deu lugar a uma riquíssima interlocução com 55 colegas de diferentes cantos do Brasil, pediatras, fonoaudiólogos, psicomotricistas assistentes sociais pedagogos, psicopedagogos e psicólogos com os quais compartilhamos os princípios de uma psicanálise implicada com o sujeito de nosso tempo em uma práxis transdisciplinar de objeção à patologização da infância, na qual não se deixa o tempo passar nem se precipitam diagnósticos. Em tempos de pandemia e de desmonte de políticas públicas de saúde e educação, tais experiências rompem com a solidão e tiram "cada um do seu quadrado" (como dizia o jargão daquela música), não só da telinha, mas principalmente das áreas isoladas do conhecimento e das instituições fechadas sobre si mesmas, convocando a compartilhar nessa REDE para construir outra realidade de respeito ao que é necessário diante da especificidade da primeiríssima Infância. Obrigada colegas por mais essa interlocução que inspira a seguir com o pé nessa estrada. Logo mais em Passo Fundo, Brasília e Piracicaba.
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